domingo, 13 de abril de 2014

Kiki - o ritual da resistência kaingang


         

A primeira exibição do filme será no dia 15 de abril, próxima terça-feira, às 20 horas, no Centro de Cultura e Eventos de Chapecó – Sala Agostinho Duarte, com o apoio da Secretaria Municipal de Cultura de Chapecó. Todos os interessados estão convidados a participar. O filme também será lançado na abertura do II Seminário Internacional de Culturas e Desenvolvimento, II Congresso Sul-Brasileiro de Promoção dos Direitos Indígenas e V Colóquio Catarinense de Ensino Religioso, dia 14 de maio, às 08h30 na Unochapecó.

Em 2011, passados 10 anos da realização do último Kiki, indígenas da Aldeia Condá, em Chapecó, conseguiram reunir as principais lideranças kaingang e organizaram o ritual. Em todas as suas etapas, o ritual foi conduzido pelos indígenas mais velhos, alguns dos poucos pajés que ainda existem em TIs Kaingang. Os preparativos e a cerimônia atraíram pesquisadores e estudiosos da cultura kaingang, todos muito preocupados com a possível extinção deste ritual.

O filme “Kiki, o ritual da resistência Kaingang” documenta essa vivência que resgata os costumes, crenças, e mais do que isso, o respeito e o reconhecimento da cultura Kaingang. Com uma abordagem cronológica, o filme mostra os preparativos na mata e na aldeia. As expectativas dos mais velhos que queriam vivenciar um ritual completo, como há muito não era feito, e dos jovens que nunca haviam participado do Kiki. A construção das casas na mata para receber os rezadores, a chegada dos pajés, a escolha da araucária, cujo tronco serviu de cocho para a bebida, as orações, a preparação da bebida que levou mais de dez dias para ficar pronta, a pintura das marcas nos rostos dos kaingang, definindo as duas metades: kamé e kainru-kré, todo o processo foi acompanhado e registrado.

Durante três anos foram muitas as tentativas da Margot Produções em viabilizar o filme através de editais de fomento à produção audiovisual, mas o documentário acabou sendo possível através do apoio de empresas e instituições da região. Com o apoio da Unochapecó, Parfor (Plano Nacional de Formação de Professores de Educação Básica), Curso de Ciências da Religião (Unochapec), Consórcio Itá, Diocese de Chapecó, Prefeitura Municipal de Chapecó através da Secretaria de Cultura, Aurora Alimentos e Yázigi, o filme é apresentado em quatro línguas: kaingang, português, inglês e espanhol. As cópias em DVD serão entregues à Aldeia Condá.


Todas as etapas de preparação até o dia da Festa foram gravadas em HD. O documentário de 35 minutos, que foi dirigido por Cassemiro Vitorino e Ilka Goldschmidt, apresenta o ritual realizado na Aldeia Condá e contribui para o estudo da uma parte da cultura kaingang. A ideia de documentar o Kiki é poder vivenciar um ritual que revela expressões e valores que já foram comuns aos Kaingang. A realização do ritual do Kiki na Aldeia Condá foi uma tentativa de revitalizar e fortalecer o dualismo Kaingang que se manifesta na divisão deste povo em duas metades exogâmicas.




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